E se eu te dissesse que os próximos unicórnios não serão criados por equipes humanas, mas por linhas de código que trabalham 24 horas por dia, sem pausa e erros?

Se eu pudesse citar quem foi o verdadeiro protagonista do mercado de startups em 2024, diria sem hesitar: a inteligência artificial. Não estamos falando de robôs substituindo humanos, mas de um ecossistema inteiro evoluindo para criar unicórnios mais rápido, mais barato e, ironicamente, com menos "toque humano". Essa virada, como destaca a reportagem da Pipeline Valor, não é só uma tendência. É uma revolução.

Empresas que hoje são avaliadas em bilhões de dólares (as famosas unicórnios) estão se construindo sobre a mesma lógica: velocidade e resultados. O exemplo da OpenAI é emblemático. A empresa arrecadou US$ 1 bilhão em receita anual em tempo recorde, graças a um modelo escalável e centrado em IA. E não é só ela. Startups de nichos, como saúde e finanças, estão utilizando IA para resolver problemas complexos com uma agilidade que os humanos simplesmente não conseguem replicar.

Mas por que isso está acontecendo agora?

As peças do quebra-cabeça finalmente se encaixaram: os avanços em machine learning, a redução dos custos de computação em nuvem e o acesso facilitado a APIs transformaram o que antes era um diferencial competitivo em uma necessidade básica. Hoje, uma startup que não está usando IA provavelmente está atrasada — e até parece cruel dizer, mas talvez esteja irrelevante no mercado.

Contra dados não há argumentos:

• US$ 1 bilhão em 1 ano:

  OpenAI atingiu esse marco em receita anual, alimentado por tecnologias de IA como o ChatGPT;

• 44% de economia de custos operacionais:

  Empresas que implementaram soluções de IA em suas operações internacionais reportaram essa redução, segundo estudo da McKinsey;

• 50% mais rápido no desenvolvimento de produtos:

  Startups de tecnologia aceleraram o ciclo de produção utilizando aprendizado de máquina para aprimorar design e testes.

Além disso, investidores como eu (e eu falo com a experiência de quem já injetou alguns milhões em startups) estão mudando as regras do jogo. Quer receber um aporte? Mostre como você está usando IA para escalar, reduzir custos e se diferenciar. A era das boas ideias não estruturadas acabou. Agora, a regra é execução.

As ameaças e a necessidade de se adaptar

Essa evolução, no entanto, não vem sem riscos. A dependência excessiva de tecnologias como IA pode tornar as empresas vulneráveis a falhas sistêmicas, como vimos com o colapso temporário de modelos de nuvem em 2023, que impactou startups globalmente. Além disso, questões éticas permanecem: até que ponto é aceitável confiar em decisões sobre vida ou morte, como no caso da área da saúde, a algoritmos?

Outro ponto crítico é a exclusão de empreendedores que não tenham acesso imediato a essas tecnologias. O que estamos presenciando é a ampliação de um abismo digital que já existia, mas agora podemos colocar regiões inteiras fora da corrida de inovação.

Minha recomendação para os empreendedores é clara: abracem a IA, mas não esqueçam a essência do negócio. No final do dia, são as pessoas que decidem se seu produto resolve um problema real, ou não. Como costumo dizer aos alunos da Farani Escola de Negócios, uma empresa sem uma estratégia clara, mesmo com IA, não passa de uma ideia cara.

Agora, quero saber de você: como sua startup está se preparando para essa nova realidade? E se ainda não está, como pretende começar?