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15/11/2024

O que está por trás da escala 6x1
O que está por trás da escala 6x1

4 minutos de leitura

A recente Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de encerrar a escala de trabalho 6x1 está gerando muita polêmica e conseguiu atrair um apoio popular gigante. Mas antes de aplaudir ou detonar, é preciso entender o que essa mudança significa de verdade.

O debate é intenso e, como alguém que vive os bastidores do empreendedorismo, vejo isso como uma tempestade de desafios e oportunidades. Para quem conhece o empreendedorismo não de gabinete, mas de chão de fábrica, de loja, de hospital, sabe que essa discussão é um campo minado de complexidades.

O mercado não espera por quem se acomoda. A reinvenção dos modelos de trabalho não é luxo, é um imperativo de quem quer manter o jogo em pé. A inovação deixou de ser diferencial; é oxigênio. E essa conversa só está começando.

A escala 6x1 (seis dias de trabalho seguidos por um dia de descanso) é frequente, especialmente, em setores que contêm operações contínuas como comércio, saúde e indústria. Mas, e se essa estrutura for derrubada, o que acontece?

1. Consequências econômicas e sociais

Do ponto de vista dos direitos trabalhistas, a proposta é válida e principalmente importante. Afinal de contas, priorizar a saúde mental e ter mais tempo para si é essencial para todo ser humano e, consequentemente, impacta em resultados e produtividade. Contudo, essa é apenas uma face IMPORTANTE da moeda.

Do outro lado igualmente IMPORTANTE, estão os empresários — pequenos e médios, responsáveis por cerca de 70% dos empregos formais no país — que enfrentam custos operacionais crescentes para manter a produção e os serviços funcionando.

Pense no seguinte cenário: para cobrir o déficit causado por um novo dia de descanso as empresas precisariam contratar mais funcionários ou pagar horas extras. A primeira opção implica aumento nas despesas com despesas trabalhistas e treinamento, enquanto a segunda pode afetar drasticamente as margens de lucro, já pressionadas pela alta carga tributária. O resultado? Uma potencial retração no mercado de trabalho e aumento do desemprego, contradizendo os objetivos de quem propôs a medida. Solução? Precisamos chegar nesse denominador comum e é neste momento que o desafio emerge.

2. Impacto na produtividade

No longo prazo, a transição para um esquema mais flexível poderá impactar a competitividade do país. Em uma economia global onde eficiência e custo de produção são diferenciais, será que o Brasil estará preparado para sustentar um modelo menos rígido sem comprometer sua posição no mercado internacional?

Nesta semana publiquei um artigo que mostrava a adoção a carga diária de trabalho de 4 horas por dia na Islândia e o aumento da produtividade que o país vivenciou. Será que esta medida seria coerente e possível considerando o tamanho e economia do nosso país?

Deixo aqui a reflexão para abordarmos nos comentários.

3. Bem estar e saúde financeira corporativa

Devemos olhar para a falta de políticas integradas que consideram tanto o bem-estar dos trabalhadores quanto à saúde financeira das empresas. Sem uma mudança de plano de compensação adequado, essa poderia criar um efeito dominador que ameaçasse o crescimento econômico. Em vez de aliviar a pressão do mercado de trabalho, pode ser criado um terreno fértil e útil para informalidades e alto índice de rotatividade.

O empreendedorismo exige uma harmonia delicada entre o bem-estar de todos e a sustentabilidade do negócio. Alterar esse equilíbrio sem medidas paliativas pode ser catastrófico.

A PEC enaltece a questão válida sobre as condições de trabalho. É preciso diálogo e, mais do que isso, é preciso estratégia — uma que reconheça tanto as necessidades dos trabalhadores quanto as complexidades que cercam a operação das empresas. Respostas? vamos encontrar juntos!

Fato é que precisamos de uma jornada de trabalho justa e que os permita ter qualidade de vida, ao mesmo tempo, as empresas precisam funcionar em sua potência máxima. Ou seja, a negociação deve ser um jogo de ganha-ganha (onde todos saem beneficiados). Ninguém precisa “perder” para dar certo.

E você, já parou para pensar nas implicações dessa mudança?

Como empreendedor(a), líder ou trabalhador(a), quero ouvir sua opinião. Comente abaixo e vamos aprofundar essa discussão juntos.

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